textos de sociologia

Turista rima com terrorista

Extraído de JBlog (a partir do JB Online.

28/08/2009 | Enviado por: Migliaccio

O Jornal do Brasil publicou reportagem assinada pela repórter Camilla Lopes mostrando como são tratados os brasileiros que vão pedir visto no Consulado dos Estados Unidos aqui no Rio.

Precisam pagar cerca de R$ 250 pela entrevista, enfrentam fila na calçada até debaixo de chuva, esperam quase um mês pelo agendamento e precisam reunir um calhamaço de documentos.

Mas não é só.

Na data marcada, há atrasos de até uma hora.

Quando, enfim, o brazuca fica frente a frente com o todo-poderoso diplomata americano, sofre mais desconsideração, mesmo estando em sua própria terra. Os entrevistadores mal falam português, a entrevista tão esperada às vezes dura menos que cinco minutos e a penca de documentos exigidos nem é olhada pelo gringo.

Quando existe algum tipo de diálogo, ele é truncado, porque o diplomata não entende bulhufas do que o brasileiro fala e não parece fazer o menor esforço para compreender.

Tudo isso foi ralatado à repórter por pessoas que deixavam a sede do consulado após terem seus vistos negados sem maiores explicações.

Um fazendeiro mineiro que só queria conhecer a neta nos EUA precisou consolar a mulher, que estava em prantos.

Outro homem, convidado por um amigo americano, teve o visto negado três vezes.

Uma estudante de um colégio particular do Rio que viajaria com a avó a Nova York disse ao entrevistador que cursava o ensino médio.

- Você é médica? - entendeu o gringo.

A menina também saiu chorando pois não esperava tanta desconsideração.

Já fui duas vezes aos Estados Unidos e não pretendo voltar lá nunca mais. Jamais me submeteria a essa humilhação para visitar o lugar onde vive um povo egocentrico e segregacionista. Um templo do consumismo, da vaidade e da falta de fraternidade.

Acham que a capital do Brasil é Buenos Aires e que elefantes passeiam por nossas ruas. Discriminam seus próprios compatriotas por terem a cor da pele diferente e se julgam a Polícia Militar do planeta Terra.

Tratam turistas como se fossem terroristas.

Agora, já estão sabotando Barack Obama.

O pior é que você corre o risco de passar por toda a via crucis no consulado, viajar nove horas de avião, chegar lá e o policial da imigração mandá-lo voltar dali mesmo, sem nenhuma explicação, como aconteceu com um colega meu jornalista que foi aos EUA a trabalho e não passou do aeroporto JFK.

De mais a mais, não falo inglês. Nunca entrei nessa de cursinho.

Se quiserem falar comigo, eles que aprendam português.