Artigo nº 010 - teórico

O neoliberalismo tende a desaguar no pântano nazi-fascista (1)


20/08/13 - São inúmeros os casos que nos levam a formular a hipótese de que o neoliberalismo é uma espécie de antessala do nazi-fascismo. Um acompanhamento um pouco mais detido do noticiário dos últimos meses parece apontar para a correção da hipótese.

Vejamos. Hoje, dia 20 de agosto de 2013, temos a notícia: 'Programa que prevê multa para quem jogar lixo na rua começa hoje no Rio' (Fonte: UOL). O programa batizado de 'Lixo Zero' multou, até às 17h deste dia 20, cerca de 110 pessoas nas ruas do Centro do Rio. Pela TV, foi possível ver agentes da Comlurb, auxiliados por policiais militares, seguindo pessoas que passavam fumando ou abrindo uma embalagem de bala ou chiclete. Outro dado da matéria é que o programa provém da Lei Municipal 3273, 'que prevê punições de R$ 157 a R$ 3.000', que são aplicadas segundo a pesagem do lixo descartado no chão.

Antes de mais nada, é óbvio que não sou a favor de que se jogue lixo no chão, mas é preciso perceber a política de intransigência e de intolerância definida pela prefeitura do Rio, que tem como testa de ferro o prefeito Eduardo Paes.

Por que não educar a população, antes de puni-la? Vejam só: enquanto as escolas públicas do município do Rio estão em greve, exatamente em decorrência dos ataques efetuados por governos neoliberais à educação, o governo cria uma lei que pune o cidadão mal-educado.  Sim, a falta de educação gera lucro (arrecadação de impostos) e serve também para cercear o cidadão ao invés de dialogar com ele. O governo neoliberal de Paes promove uma guerra em duas frentes: 1) contra a Educação (que vem sendo maquiavelicamente destruída há anos), 2) contra as consequências dessa falta de educação proveniente dessa mesma política destrutiva das escolas públicas. Sim, o governo vem impondo uma política meritocrática (que arrocha os salários dos profissionais da educação em troca de bônus incertos), que executa a aprovação automática (embora o prefeito diga que não), a terceirização do pessoal de apoio e outras arbitrariedades legalizadas, que fazem despencar a qualidade da educação fornecida aos setores mais pobres da população a níveis alarmantes.

Por que não discutir com a população antes de puni-la? Os governos neoliberais fazem sempre isso: punem, pois que não estão aqui para ouvir e fazer cumprir os anseios da população que os elegem. Acham que 'representação' é uma espécie de carta branca que a população lhes entrega para que façam com ela o que bem entenderem. Os neoliberais, pouco a pouco, vão impondo uma ditadura civil-militar travestida de 'democracia representativa', ignorando as vozes desesperadas que se fizeram ouvir nos recentes protestos de Junho, que só no Rio levou 1,4 milhão de indignados em um único dia até a sede da prefeitura. Os protestos no fundo pedem por democracia participativa e direta. Mas, os governos vendilhões fazem ouvidos de mercador!

Desta forma, estão criadas duas mercadorias, pensa o governo. As escolas públicas (a ser reformada pela empresa privada) e outra que poderia se especializar em perseguir transeuntes mal-educados (mais um 'serviço', mais uma 'oportunidade de negócio', que a prefeitura deve dispor ao empreendedorismo capitalista muito brevemente).

Continua em breve...

Renato Fialho Jr.