Artigo nº 004 - jornalístico

Não ao plano de metas: ditadura que promove a privatização da educação


12/02/12 - Ontem estive na Assembleia do SEPE, onde foi deliberada, entre outras coisas, uma paralisação para o dia 28/02 (terça-feira), com ato em frente à Alerj pela manhã e Assembleia na ABI (a confirmar) às 14h.

Todos que lá estiveram saíram preocupados com o número de arbitrariedades efetuadas pelo governo Cabral durante o período de recesso e nesses primeiros 10 dias pós-recesso. O plano de metas segue avançando, apesar da forte ação grevista do ano passado... A reação governista se dá em várias frentes: implantação de mais um sistema de informática (GIDE) para o professor lançar infomações e explicações do porquê tais e tais alunos ficaram de dependência, foram reprovados ou saíram do colégio (tarefas tecnoburocráticas que são todas de secretaria), é uma delas. Na assembléia, chegou denúncias de que existem escolas que estão proibindo professores e funcionários de almoçar (a merenda, como de costume), solicitando aos profissionais da educação para que tragam marmitas!!!

Contudo, o que mais chamou a atenção é o avanço na implantação do Projeto Autonomia (da Fundação Roberto Marinho - da Rede Globo). O plano para introduzi-lo consiste em fechar e municipalizar escolas, reduzir carga horária de disciplinas politicamente indesejadas (ou até mesmo as desejadas, se preciso for), fechar quantas turmas for necessárias e inchar as demais turmas até que se proceda a mágica! E ei-la: se antes havia carência de professores, agora há sobra de professores, que estão sendo remanejados para o 'Projeto Autonomia'. Os que não estão aceitando, são convidados a procurar escolas e na Assembléia citou-se o exemplo de uma professora que precisou de OITO escolas para fechar seu quadro de horários (e assim ter garantida o que lhe é de direito: sua verdadeira autonomia profissional e o direito ao trabalho digno).

Outra medida que demonstra o autoritarismo do governo na implantação do Autonomia (ENTENDA-SE: Privtização da Escola Pública!) é a diminuição da carga horária destinada às disciplinas de Sociologia e Filosofia de DUAS horas/aula semanais por turma para UMA hora/aula, o que obrigaria os professores destas disciplinas a trabalhar com 12 turmas ao invés de trabalhar com 6, como vem ocorrendo até aqui. Um ato ditatorial como este, além de ser punitivo, é vergonhoso, pois visa castigar os professores que mais discutem os problemas sociais e filosóficos deste mundo cão que o governador e sua equipe trabalham com tanto esmero para transformar num mundo cão ainda mais bravo e raivoso. Para que elevar o grau de consciência e cidadania dos alunos, discutindo temas e conceitos tão 'perigosos' ou esclarecedores como ética, verdade, razão, história, civilização, amor, fraternidade, cidadania, democracia, educação, saúde, globalização, neoliberalismo, combate ao nazismo, sem falar em alternativas e soluções sociais, como o socialismo? Outro fato, é que estes professores mantiveram-se na greve até o fim, normalmente, sem vacilar. E, como se fosse pouco, o governo ainda termina por obter um benefício extra (às custas de mais sacrifícios de nossa parte), ao diminuir pela metade a necessidade de professores de sociologia e filosofia na rede.

Pelo visto querem que nós, do setor público, ajudemos a pagar a crise na Europa e as sempre estúpidas guerras imperialistas (antes Iraque e Líbia, atualmente Afeganistão e Paquistão, e as já anunciadas na Síria e no Irã)! Ajudaremos também a pagar as obras de infra-estrutura da Copa 2014 (com seus fabulosos lucros concedidos às empreiteiras e demais empresas envolvidas e cujo Governador e prefeitos são íntimos, como demonstrou a queda do helicóptero na Bahia).

Agora, entendo bem o porque de termos sido recebidos nas escolas, antes mesmo de iniciar as boas-vindas da escola, com orações e sermões, mais um projeto do governo do Estado, desta vez em parceria com a Igreja. Tudo para lembrar do nosso possível, passível e desejável (pelo governo) papel de cordeiros.

Mas, contrariando toda esta lógica absurda, e caindo do céu para a terra, vemos o que vemos! Espero que ao final de nosso 'exame de consciência' saibamos atuar com dignidade e respeito à nossa cidadania e profissão, aos nossos alunos, às nossas escolas e à nossa Pátria e o povo em geral, hoje tão castigados. Não é por acaso que todos que estivemos na assembléia saímos de lá convencidos de que será um ano de muita luta... Preparemo-nos desde já! O tempo urge!

TODOS À PARALISAÇÃO DO DIA 28 DE FEVEREIRO, TODOS AO ATO E À ASSEMBLEIA!
ABAIXO A POLÌTICA NEOLIBERAL E SUA GULA EM PRIVATIZAR O QUE É DIREITO CONSTITUCIONAL DO POVO DESTE PAÍS: EDUCAÇÃO PÚBLICA, LAICA, GRATUITA E DE QUALIDADE!
ABAIXO O PLANO DE METAS E O TECNICISMO BUROCRÁTICO DITATORIAL!

Renato Fialho Jr.