Artigo nº 016 - teórico

O agronegócio é desprezo à vida


23/05/14 - Sementes transgênicas são sementes artificiais, contaminadas pela interferência humana. Os criadores são cientistas comprados por grandes corporações químicas. Esta prática aburguesa, e assim sendo destrói, a ciência e a ética que lhe é inerente. Cientistas alienados (adeptos do mito do progresso a todo custo) e vulgares (pois que apenas visam o dinheiro), se tornam pessoas sem escrúpulos éticos e socialmente inconsequentes. O trabalho sujo dessa corja 'científica' e sofista é combinar códigos genéticos de sementes naturais, como algum tipo de milho nativo, com trechos genéticos de bactérias resistentes a determinados venenos, venenos estes que serão usados na agricultura, como o glifosato. A técnica transgênica aqui descrita tem sido chamada por alguns pesquisadores do assunto de 'envenenamento genético'.

Está na cara que o uso de agrotóxicos e de sementes transgênicas tem crescido bastante no mundo e especialmente no Brasil. Dois documentários desenvolvidos pelo cineasta brasileiro Sílvio Tendler alertam a população sobre este tema. São eles: 'O veneno está na mesa', de 2011, e outro que acaba de ser lançado, portanto de 2014: 'O veneno está na mesa 2'.

O filme chama a atenção do grande público para o flagelo em que estamos sendo colocados. O uso desenfreado de centenas de venenos específicos na agricultura, como inseticidas, fungicidas, pesticidas e secantes químicos, liquidam toda forma de vida rural. É que os agrovenenos atuam muito além do que supõe a seus mentores, ao matar pássaros, insetos envolvidos com a polinização, como os vários tipos de abelhas, borboletas, besouros e vespas. O veneno, ao penetrar na terra elimina minhocas, formigas e todas as espécies que habitam e enriquecem o solo. Da terra ele escorre para os lençóis d'água, chegando aos rios e mares, onde segue seu ciclo de morte.

Mais ainda, o veneno mata a própria plantação a que se propõe resguardar e é aí que entra a fabricação dos transgênicos. Para que a planta receba o veneno e não morra, os biotecnólogos, estes seres que alegam que precisam sobreviver e alimentar seus filhos, são pagos para adulterar as sementes naturais. Em laboratórios sofisticados, estes sofistas pós-modernos manipulam a in-formação genética de modo a trocar trechos de um milho natural por trechos genéticos de bactérias imunes ao veneno. Esta técnica da morte vem sendo usada quase que obrigatoriamente em diversos produtos essenciais à vida em geral e à vida humana em particular: como frutas, legumes, verduras e grãos. A soja transgênica, por sua vez, é usada preferencialmente para fabricar ração usada na pecuária, contaminando a carne que comemos.

Todos estes venenos são colocados nos mercados e terminam cada vez mais na mesa de parcelas cada vez maiores da população mundial. Mas a justiça é cega de um só olho: se uma pessoa física, ou seja, um cidadão comum resolve envenenar alguém, o dito cujo é enquadrado no código penal, e de modo justo, pelo crime de assassinato ou tentativa de... Mas, o outro olho da justiça, numa piscadela maliciosa, se fecha se o envenenador assassino é uma pessoa jurídica, qual seja uma empresa corporativa.

Contudo, o ciclo de morte segue também o caminho do ar, segundo explica o filme. O próprio vento leva as nuvens dos venenos aplicados por aviões para plantações vizinhas e cidades próximas, causando doenças alérgicas, distúrbios hormonais, suicídio, problemas circulatórios e vários tipos de câncer. Na verdade, segundo o filme só 1% do veneno burrifado por aviões atinge as plantações.

Mas, nem a morte humana parece incomodar as empresas fabricantes destes venenos. Afinal, elas cresceram na Segunda Guerra Mundial, na guerra da Coreia, do Vietnã e mais recentemente na guerra da Colômbia. São empresas bem conhecidas do grande público as que estão a produzir agrotóxicos e alimentos transgênicos: Bayer, Basf, Dow, Dupont, Monsanto, Syngenta.

O agronegócio é capitalista, despreza a vida e cultua a morte. Em tempos de guerra ou em tempos de paz. Nesse terreno, a guerra fria nunca acabou.

Em minhas aulas costumo perguntar quantas pessoas tem ou tiveram algum parente com câncer ou que tenha morrido de câncer. É cada ano maior o número de braços que se levantam.

É difícil saber estatisticamente quantas pessoas morrem por agrotóxico. As entidades estatísticas protegem o agronegócio ao impedir a livre-circulação da verdade. Mas, para saber, por exemplo, se um produto é transgênico um dos métodos é comprar o produto e deixá-lo exposto na fruteira. Se nenhuma mosca drosófila (mosca de fruta) se interessar por ela, 'se não der bicho nenhum', desconfie. Comprei certa vez uma pera, com selo que indicava que havia sido produzida na Argentina, que ficou na minha fruteira por quase dois meses. Ela não estragou, estava um pouco enrugada apenas. Abri a mesma e constatei que não tinha caroços nem bicho. A fruta estava borrachuda. Peguei a pera e joguei-a imediatamente no lixo. Sou do tempo em que uma pera, se deixada do lado de fora da geladeira, estragava em algumas horas, graças ao eficiente trabalho das drosófilas.

Mas, o melhor do filme é que ele mostra uma saída: a cultura agroecológica, a cultura orgânica e o conceito de agrofloresta, que respeita a biodiversidade da flora e fauna, busca recuperar o bioma e o equilíbrio natural. Neste tipo de cultura o agrotóxico não entra.

Nem tudo está perdido!

A concepção positivista de que o homem tem que dominar a natureza (e um homem dominar os outros) tem que ser combatida. Viemos ao mundo não para dominá-lo, mas para viver e respeitar a natureza que nos nutre. Viemos a este mundo para viver bem com a nossa mãe natureza e entre nós.

E caso ainda não tenha assistido, não esqueça de assistir aos documentários 'O veneno está na mesa' 1 e 2.

Renato Fialho Jr.