Artigo nº 023 - teórico
Geoengenharia é capitalismo de desastre: Os furacões Irma, Katia e José são criações do autoritarismo de mercado
10/09/17 -
No Brasil, assim como em vários países do mundo, basta olhar vez ou outra para o céu para ver aviões vaporizando mais acima das nuvens. São intermináveis pulverizações que ocorrem pelo menos há uns oito ou dez anos no Brasil. Inquiridas a respeito, algumas pessoas alegam que veem os aviões e os rastros que deles resultam, mas normalmente acham tratar-se de esquadrilhas da fumaça - que normalmente fazem voos coletivos e lado a lado, em jatos supersônicos que formam os contrails (rastros de vapor d´água que resultam de pressurização) e não de voos isolados como os que estamos a ver.
Um simples estudo do caso, na Internet, nos conduzirá a uma segunda modalidade de vaporização: os chemtrails (ou rastros químicos). Nos Estados Unidos, Rosalind Peterson (líder política da Califórnia e cofundadora da Agricultural Defence Coalition - ADC), foi uma das primeiras a denunciar os rastros químicos. Sua denúncia chegou às Nações Unidas nos dias 5, 6 e 7 de setembro de 2007, onde, após prolongada fala, pedia averiguação sobre o uso abusivo dos rastros químicos nos céus estadunidenses, assim como em vários pontos do mundo. Sua denúncia pode ser encontrada, com legenda em português, nos dez minutos finais do filme de Griffin, Murphy e Wittenberg intitulado “Rastros Químicos ou Chemtrails: O que eles estão vaporizando no Mundo”.
O filme denuncia os encontros “técnicos” (quase) secretos de geoengenharia. Nesses encontros discutem-se padrões de manipulação climática via sprays de produtos químicos (entre outras formas de manipulação terrestre), que resultam ser muito superior ao permitido por lei. Há vaporizações “astronômicas” de alumínio, zinco, nitrato de prata, magnésio e bário, segundo a denúncia, que afetam o tempo, a química do solo e da água, a vegetação e a saúde dos seres vivos do planeta, inclusive dos mais de 7 bilhões de seres humanos que o habitam.
O tema tem sido tratado pela mídia globalizada com o habitual desprezo concedido a tudo aquilo que é crítico e denunciativo às práticas dos grandes conglomerados capitalistas. Daí o filme ser considerado pela “crítica roedora dos ratos” como um capítulo da dita “teoria da conspiração”. Mas o certo é que o filme coloca o dedo numa das feridas do sistema. Trata-se de um dos crimes e abusos da globalização capitalista, uma forma de conquista imperialista do espaço celestial eletromagnético.
No mesmo ano de 2007, foi lançado no Brasil o livro “A doutrina do choque: a ascensão do capitalismo de desastre”, da economista canadense Naomi Klein. O livro é muito esclarecedor: mostra que a primeira experiência neoliberal não se deu nos tempos de Ronald Reagan, nos Estados Unidos, nem nos tempos de Margareth Thatcher, no Reino Unido, como ensinam os livros de história oficiais. A primeira experiência neoliberal do planeta se deu no Chile a partir do golpe de 11/09/1973 que levou ao poder o general Augusto Pinochet e sobretudo o laboratório de laissez-faire de Milton Friedman, que implantou um gabinete anexo à presidência repleto de membros da Escola de Chicago.
A estratégia neoliberal no Chile consistiu em fabricar um estado de choque social capaz de paralisar qualquer reação humana aos planos do capital internacional que acabava de usurpar o poder. A doutrina do choque aí estabelecida compreendia em introduzir implacável tortura física e psicológica contra os trabalhadores, seus sindicatos e os socialistas e simpatizantes do presidente derrubado, Salvador Allende. Era o “nascimento sangrento da contrarrevolução”, no dizer de Klein. Tudo isso ao mesmo tempo em que se desenvolvia a agenda neoliberal – no estilo “rápido como quem rouba”. E de fato é disso o que se tratava: privatizações, desregulamentação, terceirizações, estímulo ao empreendedorismo, desmonte do Estado (de Direitos – direitos individuais, políticos, sociais e econômicos) em benefício das grandes empresas e dos megabancos.
Naomi Klein, no fundo, destrincha as táticas e a estratégia da escola austríaca de economia: primeiro dá-se um choque aterrador que impacte e paralise a população, para em seguida promover o que ela chama de “capitalismo de desastre”. O choque pode ser obtido por qualquer evento desestabilizador: provocado (via violência política, mídia manipuladora, golpe ou guerra civil) ou até mesmo após um evento catastrófico natural. Já a segunda parte do plano é o de sempre: a introdução da agenda política neoliberal e todos os seus protocolos acima citados (a estratégia).
Em seu livro ela descreve, como essa técnica chantagista e cruel foi desenvolvida em várias dezenas de países após o “sucesso” da experiência chilena: nos Estados Unidos de Reagan (com o choque da dívida em 1980-81), na Inglaterra com Thatcher em 1982 (choque: guerra das Malvinas e desmantelamento violento do maior sindicato dos país: o sindicato dos mineiros), na China em 1989 (choque: os episódios da praça da Paz Celestial que levou a China a abrir áreas especiais de capitalismo), na Rússia em 1993 (choque: a decisão de Boris Yeltsin de enviar tanques para bombardear o parlamento e prender os líderes da oposição), na Iugoslávia em 1999 (choque: o ataque da OTAN à Belgrado), nos Estados Unidos em 11/09/2001 (choque: atentado com dois aviões às torres gêmeas desencadeia a guerra ao terror – EUA x Iraque, EUA x Afeganistão, EUA x Líbia, EUA x Síria).
Mas o exemplo mais inacreditável de capitalismo de desastre se deu após grandes calamidades naturais: como o furacão Katrina em 2005, que chegou a atingir a velocidade de 280 km/h e devastou a cidade de Nova Orleans, onde um milhão de pessoas evacuaram (como o governo não ajudou, saíram as pessoas que tinham condição de sair). O choque do furacão abriu para o governo uma possibilidade nunca antes imaginada: enquanto as pessoas esperavam longamente por ajuda, em cima dos telhados de suas casas, o governo, livre assim do sindicato, privatizou 119 das 123 escolas públicas da região, rasgando os acordos sindicais e demitindo todos os 4.700 professores membros do sindicato.
Episódio semelhante aconteceu um ano antes, em 2004, após o tsunami que varreu as praias de Aceh, no Sudeste Asiático, ancestralmente habitadas por pescadores pobres. Enquanto a população tentava se safar do jeito que dava do desastre, os marines estadunidense ocuparam a região de praia para começar a construção imediata e rápida de luxuosos resorts capitalistas (hotéis de alto luxo).
A situação se repetiu no Haiti em 2011, após o terremoto que matou pelo menos 100 mil pessoas. E seguem acontecendo até hoje. Basta ver as tentativas levadas a cabo com as nem sempre bem sucedidas Primaveras Árabes (Tunísia, Egito, Líbia, Irã, Iraque e Síria), ou os falsos combates à corrupção que seguem derrubando governos desde a Operação Mãos Limpas na Itália até a Operação Lava Jato no Brasil que, reforçada pela chegada de capitais externos para a construção da infraestrutura para a Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016, deram as condições, junto com o Quarto Poder (a mídia), de derrubar via golpe parlamentar, em 2016, a presidente eleita Dilma Rousseff, que vinha governando com o olho direito no capital e um bom olho esquerdo na população mais pobre (olho esse imperdoável para o receituário neoliberal).
A mesma técnica, que cheira a nazismo (e não por acaso que ele vem crescendo mundo afora), acontece também nas microesferas: o Estado de calamidade decretado no Rio de Janeiro, e apoiado por Temer, é uma espécie de estado de choque que tem servido para realizar a tão desejada mudança de paradigma (as anunciadas privatizações da CEDAE, da UERJ, da UENF e da UEZO e o fechamento de 600 das 1200 escolas públicas que pertencem à Rede Estadual de Educação e a diminuição dos triênios e quinquênios vem se juntar ao aumento das alíquotas do INSS de todo o funcionalismo do Estado, às isenções fiscais milionárias concedidas às grandes empresas e ao sucateamento da saúde e das delegacias de polícia Civil que funcionam com apenas um delegado para tudo. Diante da “grave crise”, gestada à fórceps pelos laboratórios neoliberais e com o “auxílio luxuoso de um pandeiro” (a máquina de fabricar e repetir mentiras que é a mídia burguesa), a população entra numa espécie de “febre terçã” coletiva – onde a insegurança e o medo causado pela situação servem de tempero para o desenvolvimento da gororoba que é a agenda neoliberal (extremamente e orgulhosamente antipopular).
Mas não podia terminar esse artigo sem mencionar o inusitado do momento: os furacões Irma, José e Katia (visíveis em https://www.windy.com/) que assolam e açoitam os países da ALBA, no Caribe, antes de seguir para os Estados Unidos (Isso sem falar dos sismos no México que ecoaram em vários outros países da América Latina). Segundo o canal RT, Patrick Roddie, químico e ativista de geoengenharia, acaba de denunciar que o passado furacão Harvey, assim como os ativos Irma e José, foram "fabricados" e criados pelo homem. Chegou a essa conclusão após estudar as imagens que aparecem na ferramenta interativa Worldview, da NASA (vide o site: https://worldview.earthdata.nasa.gov/), onde aponta para o uso da técnica de rastros químicos associada à aplicação de ondas eletromagnéticas induzidas, numa referência indireta ao projeto HAARP (desenvolvido pela Marinha e a Aeronáutica estadunidense). Aliás, em 20/01/10, o comandante Hugo Chávez fez uma denúncia com base num relatório da marinha russa, onde a mesma confirmava que o terremoto do Haiti resultava de um experimento da marinha dos Estados Unidos: o chamado HAARP, sediado no Alaska, e que quase certamente é uma arma climática capaz de provocar terremotos, tsunamis e furacões. Armas como essas são proibidas pela ONU.
A CONVENÇÃO ENMOD proíbe a utilização de técnicas de modificação ambiental para fins militares ou quaisquer outros fins hostis. A convenção foi aprovada na Assembleia Geral das Nações Unidas a 10 de dezembro de 1976 e protocolada pelo Brasil através do DECRETO N° 225, DE 7 DE OUTUBRO DE 1991, assinado pelo então presidente da República Fernando Collor de Melo, no contexto pré-ECO-92. Ou seja: se há proibição desde 1976 é porque alguém estava a fabricar tal engenho monstruoso!
Mas, tudo parece se fechar logicamente. Segundo Naomi Klein, cabe ao também economista austríaco Schumpeter o conceito de destruição criativa, que consiste em limpar a área, zerar o terreno, apagar o que estava escrito no papel, para poder reimprimir no território "virginizado" as marcas de um novo modelo de negócios idealizado pelo capital. O curioso é que Schumpeter flertou e compartilhou ideias com os sociólogos da dita Teoria das Elites: Pareto (que foi membro do partido fascista italiano), Mosca e Michels.
Não por acaso, Friedrich Hayek, outro economista austríaco, em “O Caminho da Servidão”, editado no Brasil pela Bibliex, pretendeu criar o mito de que “o caminho da servidão é o socialismo”, que ele não distingue do nazismo. Assim sendo, segundo ele, a grande contradição do mundo está longe de ser a luta de classes que se expressa nas contradições capital x trabalho, burguesia x proletariado, capitalismo x socialismo... A principal contradição estaria situada entre economia de mercado x Estado forte, liberdade x ditadura, liberalismos x totalitarismos. Sic!
Bem, mas se tudo o que vimos nesse artigo faz nexo, e tudo parece indicar que sim, o capitalismo está muito, muito, mas muito longe mesmo, de representar esse ideal ou de ser de fato essa realização libertária tão mal imaginada pelos economistas austríacos fundadores da escola neoliberal, apologistas de um Estado do Mal-Estar social. Através de uma biopolítica (termo usado por Foucault e que significa política de controle da vida) e de um conceito de sociedade-empresa (que entusiasma um empreendedorismo insustentável), o capitalismo de desastre, ao se apropriar da técnica, da ciência, do ensino, dos corpos e dos fenômenos naturais antes apenas atribuídos a Deus, o faz visando o controle social e político do mundo. São smarts TV, reality show, grilhões, correntes, câmeras de vigilância, internet e celulares com GPS - pagos por nós, mas vigiados por eles -, tornozeleiras eletrônicas e microchips implantados. Longe de serem ícones de liberdade individual, essas mercadorias, com seus fetiches imanentes, terminam por fazer exatamente o contrário do que prometiam fazer: são fontes de extração da tão prometida liberdade individual e social.
Mas é ao socialismo que se precisa execrar!
Renato Fialho Jr.